segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Palavras apenas

Desde pequena eu gostei de ler. O gosto pela escrita, ao que me parece, é só uma consequência natural desse gosto de ler; portanto, não é de espantar que eu também sempre tenha gostado de escrever. Rabisco (embora hoje em dia eu só digite, pra ser bem franca) palavras desde que aprendi a formar um texto coerente, se não me falha a memória.

Ao longo dos anos produzi uma infinidade de contos tosquinhos, fanfictions, tentativas de livros, crônicas que são pura válvula de escape pra frustrações e amores não correspondidos, pseudo-poemas que de poemas não tem nada, diários e talvez algumas outras coisas aqui e ali. Já participei de revista adolescente. Já tive texto meu comentado num trabalho de Letras da maior faculdade da minha cidade (admito que hoje tenho até vergonha alheia de mim mesma - existe isso? - da minha reação ao trabalho na época. Maturidade é uma coisa que realmente vem com o tempo, posso atestar). Já me arrisquei até em texto teatral (e tive o orgulhinho de ver duas amigas queridas e talentosíssimas interpretarem o texto). As pessoas me dizem que falo e escrevo bem, mas acho que é pura consequência da quantidade de livros que eu leio. Eu sou simpática com as palavras e elas costumam ser simpáticas comigo de volta. É uma simples relação de troca.

Agora, eu não sei o que é que tem acontecido comigo atualmente, mas parece que as palavras, essas danadas que sempre foram minhas amigas, andam me abandonando. Por sorte eu ainda consigo fazer uma boa dissertação na faculdade com um pouquinho de esforço, mas não encontro mais o meu refúgio nas palavras como eu fazia antes. Estava triste, estava feliz, estava inspirada? Eram sempre elas as minhas companheiras.

Hoje em dia não é mais assim. Acho que, talvez, eu tenha encontrado outras válvulas de escape. Mas isso não impede a nostalgia de bater. Saudades do tempo em que eu conseguia dizer tudo o que eu quisesse, da forma que eu quisesse, apenas empregando coleções de letrinhas que me vinham naturalmente. Melancolia ao pensar em toda a falta que escrever me faz - acho que só eu consigo ter a exata dimensão.
Não dá pra tentar explicar. Me faltam palavras.


Talvez elas estejam chateadas comigo. Talvez eu não esteja dando a elas a atenção que merecem.

Queria tanto que nós voltássemos a ser amigas.

Palavras, vamos fazer as pazes?

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