sábado, 29 de agosto de 2009

Dual

Ele era sério.
Até quando tentava ser engraçado, na minha cabeça, ele era sério. Alguma coisa no sorriso dele, fechado e aberto ao mesmo tempo, me fazia pensar assim.

Ele era todo assim. Uma dicotomia caminhando sobre a terra, sonhador e racional, experiente e jovial, sonhando e vivendo ao mesmo tempo, numa trama indecifrável.

Tentei entendê-lo de todas as formas.
Mas sou muito simplista. Simplista até demais; uma pessoa que vive a vida de uma maneira razoavelmente definida. Que sabe o que quer mesmo quando não sabe, ou ao menos sabe o que não quer; que vê as coisas de uma maneira concreta e que tem dificuldade para acompanhar pensamentos multifacetados, que dirá desenvolvê-los.

Ele me disse que meu texto lembrava Clarice. Ele se enganou. Clarice era profunda, era complexa, era séria até mesmo na sua displiscência; ele era muito mais clariciano que eu. A única semelhança entre mim e Clarice é que ambas escrevemos como quem chora.

Eu tentava fazê-lo rir; ele não sorria. Sério. Até quando me contava uma piada.

Amanhã irei ver palhaços e me lembrei dele. Imaginei-o lá, sério em sua descontração. Tão deslocado e ao mesmo tempo tão pertencente àquele ambiente, sua seriedade mesclada com o colorido e com um brilho profundo em seus olhos... Que sorriem sem nunca sorrir.

Eu? Eu vago pelo mundo, sempre Pierrô, nunca Colombina, à procura de alguém que ria das minhas graças simplistas.

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10 Comentários:

Às 29 de agosto de 2009 às 19:59 , Blogger Ana Luiza disse...

Hum, belíssimo texto... lembrou-me do meu sobre o meu antigo amor platônico (claro que o meu ta mais impessoal e o seu está lindamente literário).
Senti uma pontinha de divagão triste... Foi sobre aquela pessoa, certo?
Vc encontrará alguém que rirá de suas graças simplistas e que mereça vc, pois eu digo: vc é muito especial... Sortudo será o cara que conseguir ficar contigo, minha linda amiga :D

 
Às 30 de agosto de 2009 às 05:49 , Blogger Beatriz. disse...

amei o texto

 
Às 30 de agosto de 2009 às 08:59 , Blogger Michelle Louzeiro Nazar disse...

Achei este seu texto muito envolvente, poderia muito bem ser ainda amis desenvolvido e virar uma istória ainda maior. Até porque quis saber mais, como eses "não-sorrisos" começaram... Bjs

 
Às 30 de agosto de 2009 às 09:51 , Blogger S. B. disse...

Belíssima prosa.

 
Às 31 de agosto de 2009 às 18:01 , Blogger Maria Garcia disse...

Que meigo, Bee

 
Às 1 de setembro de 2009 às 05:54 , Blogger Doce Encanto disse...

Oiii, passando para te convidar para conhecer meu blog e participar do sorteio:
http://muvanessa.blogspot.com/
Te espero hein, você será muito bem vinda

 
Às 6 de setembro de 2009 às 13:31 , Blogger Jéssica Teles disse...

Eu super me identifiquei com o texto, muito bom mesmo. *-* uau, tô boba. haha, beijo!

 
Às 14 de setembro de 2009 às 14:58 , Blogger Sofia disse...

- Tem selo lá no blog, para os 50 primeiros que comentarem. Vai lá!

beijo,
Sofia
(http://pirulito-no-palito.blogspot.com/)

 
Às 21 de setembro de 2009 às 19:13 , Anonymous Becka disse...

Nossa Gabi, muuuito bom o texto.

as meninas do TDB tem me impressionado cada vez mais, não porque eu não esperava, mas porque conseguem ser cada vez melhores (:

=*

 
Às 6 de novembro de 2009 às 18:13 , Anonymous Carol disse...

Perfeito demaaaaaaaais

 

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